O Bocejo (2º livro)
Conto de Farsas
Não beijaria a Branca de Neve
Se soubesse que ela transava dormindo.
Nunca procuraria a Cinderela se soubesse
Que sonhava viver a minha custa.
E que tornou-se amiga de um espelho bissexual.
Conselheiro tolo que da dó!!
Nunca procuraria a Chapelzinho Vemelho se soubesse
que escondia a toca lhe escondia a careca.
Nunca procuraria Rapunzel
se soubesse que seus cabelos eram implantes.
Fiquei com uma enorme dor na coluna.
Eu nunca as procuraria sabendo:
Que a branca de neve era narcoléptica
achei que tinha ganhado o mundo depois de um minuto
novamente ela dormia
(ganhei o título de príncipe frouxo na cama)
Que a Cinderela era hipocondríaca
_na cama nada sentia e de dia só babava-
Que a chapeuzinho vermelho era traficante
- e pior de tudo eu era vascaíno e ela flamenguista-
Que a Rapunzel era ninfomaníaca
- e cheia de fantasias sexuais das mais esquisitas-
queria porque queria
transar comigo e os setes anões.
Eu nunca pediria conselhos ao lobo se soubesse
que era policial
Sujeito que desconfio!
Não procuraria o conselho da vovozinha se soubesse
que era um espantalho de cocaína
E muito menos aos três porquinhos que eram
usuários de drogas e anarquistas.
Não procuraria nenhuma fada madrinha
se soubesse que era dona de bordéis
No meio dessas desilusões nunca que vou me rebaixar
para conversar com os anões.
-Ainda mais depois daquele pedido concedido
Que tanto me arrependo.
E eu que disse nunca, definitivamente nunca fui procurar o conselho
de um espelho bissexual.
Antes de entrar me acabei nas escadas do palácio
Conversando com um bobo da corte depressivo
Reclamando
Que o rei era pródigo e havia hipotecado ocastelo
Desempregado e sem futuro
Recomendei-lhe procurar emprego na terra do nunca..
Disse não querer ser brasileiro.
Já meio chapado segui adiante...
Na sala de estar estava um duende doente
com mal de Alzheimer
descalço andando em círculos juntando suas trouxas
e largando-as de novo
por sinal um futuro de mendigo andarilho
Reclamando não lembrar
em que arco-íris havia deixado seu pote de ouro
No quarto escuro a direita uma bruxa madrasta anorexia
Com seus caldeirões quebrados.
Na esquerda o pequeno dunga acidentado
que perdeu seus braços
acolhido pelo auxilio acidente da monarquia.
Que já não se sabe se perdura.
No quarto do meio o espelho eu o encontrei,
e logo o perguntei imodesto assim que me viu
disse:
_Espelho, espelho meu....
Ergui os ombros e estufei o peito ansioso
e repeti com mais entonação:
_Espelho, espelho meu!
_Tem alguém mais bonito do que eu?
Respondeu-me:
_Quando me comprou?
Desarmado e sem graça me enchi de ira e o quebrei todo.
A rainha que tinha dislexia me olhou da porta
angustiada
e me perguntou se transaria com ela
A coitada sempre quis ter um papel importante
nos contos de fadas.
Dizia-se aristocrata e blábláblá...
Porque não transar?
18/07/2009
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