sexta-feira, 25 de junho de 2010

Zoófilo Expressivo


O Bocejo (2º livro)

Zoófilo Expressivo.


Sou um raminster que passeia sobre as teclas de um computador buscando um caminho


para lhe encontrar.

Sou um suricate ao sol antes que chegue neste encontro
E que você demora aparecer

Sou uma coruja atenta
Se você tarda sua chegada até que anoiteça.

Sou um coala sem graça te olhando
Como um homem rico de carinho
Preguiçosamente tímido se expressando logo que a vejo.

Sou uma cobra esperando a hora do bote fatal
Porque te vi e nem imagina que estou tão perto.

Sou o macaquinho pego no ato do roubo
Porque me achou antes que causasse surpresa

Sou um tamanduá sem graça
Você me desarmou e me deixou em postura imprecisa.

Sou um urubu de asas abertas te abraçando
Claro que sem aquele fedor.

Quando te abraço todo bobo feliz...
Sou um ornitorrinco sorrindo e batendo palmas

Quando te digo que me esqueci de algo que precisava
Sou o urso panda em cara, torcendo o broto de bambu para te comover

Depois viro um elefante suspendendo um galho com a tromba
Quando do peito retiro uma rosa para me perdoar.

Você se emociona como se eu fosse um bico-de-lacre que cruzou céus e mares para a ir buscar.

Quando vejo sua felicidade
Sou um pardal urbano batendo bico na madeira para limpar os sonhos que comi

Não posso ficar nervoso, tão nervoso...

Sou uma aranha armadeira passeando meus dedos nas suas costas
Que pula entre teus cabelos causando-lhe arrepios...

Sou o sapo que vira principie em nosso beijo.

Sou seu cachorro de sorriso bobo esperado que você o coce a barriga.

Sou um cavalo Árabe de crina espessa observando suas curvas e reentrâncias atraentes.

Sou um esquilo que te esconde uma experiência de amor imperfeitamente esquecida

Mas sou também a ave fênix que renova suas forças contra o horror e segue a vida.

Sou um búfalo que a protege e não deixa que ninguém lhe agrida.

Quando você vai embora sou a baleia que desejava poder ficar mais tempo submersa.

E se você não volta sou o louva Deus que ninguém gosta de ouvir a sua história de amor...


2506/2009 



Um comentário:

Anônimo disse...

Esta é sem dúvida (claro que é uma opinião subjetiva) a sua melhor poesia. São versos simples, sem floreios literários, há uma profusão de metáforas bem encaixadas, o ritmo é bom, e tem uma certa nostalgia e solidão nos versos. Credo, o comentário ficou pedante, mas o poema é muito bom.

[Luis Carlos]